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Mostrando postagens de junho, 2017

História social e história cultural: teorias, métodos e temáticas

Os estudos de História Social na produção acadêmica nacional foram influenciados a partir da década de 1980, pelas pesquisas desenvolvidas pelo historiador inglês Edward Palmer Thompson. Ele, um especialista na formação da classe operária inglesa, renovou os estudos acerca dos grupos sociais subalternos ao romper com o marxismo ortodoxo, estruturalista e economicista, que compreendia os sujeitos vinculados a uma classe apenas por ocuparem um lugar social determinado na produção. O resultado das inovações deste historiador inglês resultou em uma abordagem marxista completamente nova, liberta das amarras do estruturalismo, que aprisionava a ação efetiva dos sujeitos na história. Edward Palmer Thompson enfatizou a experiência de classe como elemento central para se compreender a constituição das identidades e os sentimentos de pertença entre os grupos sociais. Em suas pesquisas procurou identificar os elementos do cotidiano dos operários, onde pudessem ser forjadas as solidariedades entr...

Crise do Feudalismo: uma discussão historiográfica

O feudalismo enquanto sistema econômico era baseado na posse da propriedade agrária e na relação de trabalho servil que se consolidou durante os séculos X e XI, tendo seu ápice durante os séculos XII e XIII na Europa Ocidental.  A formação do modo de produção feudal remonta a crise do Império romano e da sua economia baseada na agricultura e no uso da mão de obra escrava capturada nas guerras de expansão do Império.   O historiador inglês Perry Anderson interpretou o advento do modo de produção feudal, enquanto nova forma de organização econômica e social na Europa Ocidental, como decorrente de uma longa simbiose entre as formações sociais germânicas e romanas . Os historiadores demarcaram nos séculos XIV e XV enquanto momento de crise do feudalismo. Contudo, as razões da crise e a transição para a nova forma de produção, baseada na busca pelo lucro e na exploração do trabalho assalariado, suscitou um rico debate historiográfico. Na linha da corrente historiográfica marx...

Ditadura Militar Brasileira: Propaganda, Censura, Repressão e Resistência

No contexto da ditadura militar (1964-1985) brasileira o direito a liberdade de expressão, a liberdade de reunião e de manifestação foi cassado, as eleições presidenciais diretas foram suspensas, a oposição foi cerceada, as críticas ao governo dos militares eram reprimidas, os meios de comunicações e atividades artísticas foram censurados, pessoas ligadas a grupos de oposição a ditadura foram presas, torturadas, assassinadas e outras desaparecidas. A repressão política dos governos militares iniciou desde seu primeiro momento de instalação do golpe de Estado que depôs o presidente João Goulart (1964). Prisões, torturas e assassinatos de pessoas ligadas a partidos de esquerda, sindicatos, movimento estudantil e movimentos sociais foram praticadas desde 1964. A partir daí as práticas foram recorrentes em todo o período da ditadura. O período de 1964 a 1968 foi marcado por forte repressão do regime militar aos opositores, com prisões, interrogatórios, inquéritos militares, torturas,...